Abrigo

Protege-me, ó Deus, pois em ti me refugio (Sl 16.1).

Leitura Bíblica: Gênesis 6.1-22. 

Há muitos anos, meus filhos ainda eram adolescentes e fui buscá-los no final de um evento, na igreja, a poucas quadras de casa. Quando voltávamos, o tempo mudou e veio uma tempestade de vento e chuva de pedra. Os galhos das árvores caíam sobre o carro e eu já não enxergava mais nada. Acabei batendo o carro na guia da calçada, o pneu estourou e eu me apavorei. Naquele momento, meu caçula (na época, com apenas 11 anos), me acalmou, puxou a direção e foi me guiando até conseguirmos entrar, seguros, na garagem de casa. Estava tão perto, a poucos metros, mas me sentia completamente perdida. O medo cegou minha visão. 

Quando me lembro desse episódio, penso em Noé, durante tantos anos, construindo a arca com sua família (Gênesis 6 a 9). O povo da terra passava por ali e escarnecia, dizendo que ele estava louco e zombando da sua obediência a Deus. Estavam tão perto do abrigo, mas tão distantes do Senhor do Abrigo. Não acreditavam que, um dia, a tempestade iria chegar e não haveria mais tempo de se abrigar ou se esconder da fúria da água e do vento. As águas chegaram, e somente Noé, sua família e os animais estavam abrigados. O tempo do arrependimento acabou. A porta da arca estava fechada. E o povo pereceu fora do abrigo. Muitos, ainda hoje, vivem assim. Tão perto, mas tão distantes. Quase à porta, mas sem abri-la. Quase crendo, mas achando que têm todo o tempo do mundo para acreditar. E quando chegam as tempestades, ficam perdidos, sem visão, sem percepção, tateando à procura de uma segurança que foi desprezada. 

O tempo de encontrar o abrigo tem prazo de validade: sua duração é o nosso tempo aqui na Terra. Depois, quando nossos olhos se fecharem, a porta da arca também se fechará. Estaremos dentro ou fora? Sim, lembre-se do Senhor, “antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; ...e o pó volte à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.6-7). 

Procuremos abrigo enquanto é tempo, antes que a tempestade chegue. Perto está o Senhor. 

Zelene Reis, Itapeva/SP. Extraído do site https://presentediario.transmundial.org.br 

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