"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais e dizeis: Em
que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas"
(Malaquias 3.8).
Luizinho entregava jornais depois da aula. Gastava muito tempo
na distribuição porque não tinha bicicleta. Os jornais pesavam muito
e, às vezes, a alça que os segurava feria seu ombro. Os pés doíam
pelas caminhadas longas. Preciso de uma bicicleta com uma cesta
de arame para levar os jornais, pensava sempre o menino. Falou
com a mãe sobre isto e ela achou a idéia razoável. Aconselhou-o a
sondar o preço, numa loja de bicicletas usadas. Luizinho foi saber.
--O senhor tem uma bicicleta usada para vender? --indagou ele numa
loja próxima. --E qual é o preço, por favor?
--Tenho uma, por sinal, excelente, que acabei de reformar na manhã
de hoje. O preço é duzentos, mas note que é uma boa compra
--disse o dono, e mostrou-lhe a bicicleta. O garoto ficou
entusiasmado e prometeu estar de volta em quinze dias, trazendo
o valor. Em casa, ele contou para a mãe e tudo ficou acertado, já
que ele possuía dois terços do total e duas semanas seriam o
suficiente para ganhar o restante. No dia aprazado, ele juntou o
dinheiro e correu para a loja. Ao chegar lá, porém, viu que outro
garoto examinava a mesma bicicleta.
--É do meu gosto --disse o outro menino. --Vou buscar o dinheiro.
--Não--falou o dono da loja--Luizinho tem a preferência e se estiver
com o dinheiro poderá levá-la. Você o tem, não é, Luizinho?
--Tenho, sim--disse Luizinho. Mas naquele momento assaltou-lhe
de novo o pensamento: o dízimo da última parte que ganhou para
completar o valor e, então, decididamente, falou: "Acho que não vou
levar a bicicleta."
--Mas como? Não era essa a que você tanto queria?--falou o dono.
--É essa mesmo... mas não tenho todo o dinheiro; faltam seis.
--Faltam como?! Vejo na sua mão exatamente a importância que
precisa.
--Não, esse dinheiro não é todo meu. Os seis pertencem a Deus.
O dono, surpreendido e embaraçado, lembrou-se da sua própria
infidelidade, mas, se controlando, falou:
--Bem, você é quem sabe. Vou então entregá-la para o outro freguês.
Luizinho retirou-se triste e lentamente. De repente, ouviu o dono
chamando-o para mostrar uma outra bicicleta, também em bom
estado de conservação. Quando procurou saber o valor desta, o
homem lhe disse:
--Vejamos... esta vai custar cento e noventa e quatro, e é também
excelente.
O menino sorriu. Ambos sentiram-se felizes. Luizinho pagou a
bicicleta e lá se foi pedalando rua acima, observado pelo dono da
loja, pensativo.
--Senhor Jesus--orou o negociante--eu te agradeço pela lição que me
deste através desse pequeno. Faze com que eu jamais a esqueça até
o fim da minha vida.
Pr. Paulo Roberto Barbosa, do site - Escuro Iluminado:
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