15 de fevereiro de 2019

LAMA ESCONDIDA INTERIORMENTE

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"Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não  pode  estar
quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo" (Isaías 57.20).

Um escritor descreveu com grande carinho a respeito  de  uma
pequena  reserva  florestal  que  havia  próxima    à    sua
residência.  Para  ele,  não  havia  nada  que  pudesse  ser
comparado à beleza daquele bosque. Era um encantamento e
uma inspiração para a sua tarefa de produzir obras literárias. E
foram muitas as ocasiões quando, divagando à procura  de  um
tema ou de  uma  idéia,  ele  andava  horas  e  horas  pelos
recantos sombrios da  floresta,  a  olhar  os  pássaros,  as
pequeninas flores  ou  os  frutos  silvestres.  Toda  aquela
tranquilidade o  inspirava,  fazendo  brotar  em  sua  mente
idéias do mais extraordinário valor.

Certo dia, enquanto sobre sua mesa de trabalho  ele  tentava
colocar no papel uma das suas idéias,  começou  a  ouvir  um
estranho barulho. Foi à  Janela  e  ficou  sobressaltado  ao
verificar que o fogo se ateara nas folhas secas  do  bosque,
espalhadas  pelo  chão,  ameaçando  destruí-lo   totalmente.
Correu o mais  rápido  que  pôde  para  mais  perto  da  sua
floresta amada, na  tentativa  de  fazer  alguma  coisa  que
ajudasse a salvá-la do fogo. Era-lhe impossível conformar-se
com a  idéia  de  ver  consumido  o  mais  extraordinário  e
inspirador recanto que já conhecera. Como poderia ele  ficar
sem a sombra amiga das árvores frondosas, que ali cresceram?
E como deixar de sentir a quietude que se aninhava no interior 
do bosque? Seria, sem dúvida, para ele especialmente, uma
perda irreparável!

Envolvido nesse pensamento, foi-se aproximando  da  estreita
estrada que atravessava  a  floresta.  Nisto,  espantado,  o
escritor constatou  um  estranho  e  horrendo  fenômeno:  do
bosque em  chamas  saíam  apressados  e  espavoridos  vários
insetos venenosos--alguns até de aspecto repugnante--além de
pequenos e perigosos animais. A  aparência  daquela  reserva
era encantadora, com  tantas  folhas,  flores  perfumadas  e
árvores imponentes; porém, escondidos no seu interior  havia
seres daninhos e repulsivos. Bastou que o  fogo  se  ateasse
ali, para que eles se manifestassem agressivos. Ocultavam-se
por detrás da beleza exterior do bosque aconchegante!

Essa floresta representa o coração humano. Quando  todas  as
coisas transcorrem  num  clima  de  normalidade,  quando  há
bonança e tranquilidade,  então  aqueles  sentimentos  menos
nobres ficam acomodados...  escondidos.  Basta,  entretanto,
que um fogo qualquer como a cólera, a inveja, a ganância, se
ateie dentro do homem para que  toda  a  sua  boa  aparência
fique maculada e comprometida através  de  gestos,  ações  e
palavras pouco recomendáveis que  passam  a  ser  praticados
naquelas  horas  de  insegurança  e  desespero,  que  surgem
inesperadamente.

Na verdade, não havia nenhuma solidez  no  caráter  nem  nas
emoções  ou  no  espírito.  Tudo  isso  simplesmente  estava
acomodado, enquanto a vida lhe parecia sorrir.

Pr. Paulo Roberto Barbosa, do site - Escuro Iluminado:
http://ministerio-pararefletir.blogspot.com/

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