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"Pois se caírem, um levantará o seu companheiro; mas ai do que
estiver só, pois. caindo, não haverá outro que o levante"
(Eclesiastes 4.10).

É comum encontrarmos pessoas magoadas pela falta de gratidão
de alguém, diante de um bem praticado. Todavia, a experiência tem
provado que sempre haverá um retorno do bem que se semeou, ainda
que imperceptível.

Num país europeu, dois caminhantes foram surpreendidos pelo
inverno, que chegou inesperadamente trazendo uma forte tempestade,
com rajadas de neve. Mas seria impossível interromper a viagem e
assim lá iam os dois companheiros chapinhando na neve. Os passos
eram cada vez mais lentos, enquanto a tempestade piorava. O frio
enregelava os músculos e a caminhada ia se tornando mais dificil.
Todavia, apesar dos inconvenientes, prosseguiam os dois. A extensão
percorrida não era tão grande, mas as horas gastas eram muitas.
Quando naquele arrastar dos pés, de repente deram com um viajante
tombado, semimorto e coberto por um manto de neve. Se não fosse
socorrido com urgência, morreria nos próximos minutos. Porém, parar
para socorrê-lo seria insensato em tais circunstâncias; entretanto,
mesmo assim um deles se deteve e, tomado de compaixão, abaixou-se
para auscultar lhe o coração. Ao constatar que ele ainda pulsava com
um restinho de vida, o desconhecido caminhante encheu-se de
esperança. Virando-se para o companheiro, propôs que os dois se
unissem para socorrer o moribundo. Mas a reação do amigo foi como
a explosão de uma bomba:

--Você está louco? Então acha que vou retardar mais a caminhada
para arrastar um estranho a quem não devo favores? E lá se foi
caminhando só.

O bom samaritano, entretanto, sem pensar nos seus próprios
interesses e nem levar em conta a maior demora, num esforço
sobrenatural colocou às costas o infeliz homem e continuou sua
jornada. Passos infinitamente mais lentos agora, e o esforço
tornou-se redobrado. Mas prosseguiu sem parar. Já era bem tarde,
porém a esperança de chegar ao destino crescia. Já podia divisar
as montanhas que cercavam a aldeia onde, certamente, a esposa e
os filhos o esperavam com certa preocupação.

Mais algumas dezenas de passos caminhados na dificil jornada e eis
que caído, agonizante, jazia o companheiro de viagem. Sem conseguir
aquecer o próprio corpo, foi perdendo a sensibilidade dos músculos,
até cair quase sem vida. Enquanto isso, ele, o bom samaritano,
aquecido pelos movimentos e pelo esforço despendido para carregar
o desconhecido--todavia seu semelhante-- readquirira forças,
sensibilidade muscular e, consequentemente, a própria vida.

O bem praticado, por certo, não ficou sem reconhecimento e sem
qualquer expressão de gratidão, mas se, porventura, isso não
acontecesse, ainda assim aconteceu o retorno--o direito de continuar
vivo!

Pr. Paulo Roberto Barbosa, do site - Escuro Iluminado:
http://ministerio-pararefletir.blogspot.com/

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